Desabafos e considerações
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quinta-feira, outubro 23, 2003



Lembranças

"Sabe, outro dia eu cheguei em casa com vontade de fazer absolutamente nada. Mais um daqueles dias de vazio. Para lembrar de como é meu apartamento, decidi guardar minhas milhares de roupas espalhadas pela casa. Acabei me deparando com aquela blusinha branca. É, aquela, de malha, meio elástica, de manga comprida, aquela que tu insistia em levantar acima dos meus seios, e depois insistia em tirar do meu corpo. Pois é, não resisti e acabei por vestir a blusa de novo só pra ver se eu sentia tuas mãos novamente. Já faz tanto tempo assim que essas roupas estão aqui atiradas? Pelo menos parece tanto tempo desde aquelas beijos que trocamos. A malha sofreu com tuas tentativas, olha só, está larga, a peça que ficava colada ao corpo está sobrando. A blusa não tinha nada a ver com nossa luta, tu tentando tirar e eu tentando impedir. Não nego, foi uma das melhores batalhas que já tive, e, pensando bem, gostaria muito de repetir tudo aquilo. Mas, assim como eu esqueci a blusa num canto do meu quarto, tu também parece que esqueceu do nosso encontro num canto do teu cérebro. Apenas oi e tchaus, cumprimentos de bons amigos dos quais ninguém ousaria desconfiar, encenações polidas em lugares que não podemos dizer quem verdadeiramente somos. Hipócritas. É isso que nós somos, eu por não ter te ajudado a tirar minha roupa, e tu por fingir que nunca tentou quando nos vemos por aí. Será que tu esqueceu de tudo? Do quanto queríamos? Por mais que tenhamos combinado que seria apenas físico, não acredito que nem tesão tu sinta mais por mim? E os negócios inacabados que existiam entre a gente que tu insistia em me dizer por e-mails furtivos nas tardes dos nossos estágio burocráticos? Sou uma idiota mesmo. Como criar expectativas logo contigo? Por que eu? eu ficava te perguntando enquanto tu dizia que me queria, e hoje lembro que não obtive respostas. Aliás, tu mal falava e mal me deixava falar, o único som que eu ouvia da tua boca vinham dos teus beijos na minha nuca. É foda, sabia. Eu não sei fingir, eu não sei... Quero outra vez, quero mais, com direito a e-mails furtivos no meio da tarde deixando bem claro que só quero sexo de ti, apesar da gente nunca ter feito. Quero outra vez, agora sim temos negócios inacabados, agora sim eu quero teus beijos novamente. Agora sim quero tirar aquela blusa..."

9:44 da tarde [ por nicole ]




sexta-feira, outubro 17, 2003



Minha vida de cão

Não consigo dormir, não consigo ler, não quero conversar com ninguém. Então decidi escutar música. Pego um CD que há muito não ouvia, talvez anos. É um CD do Buffalo Tom, “Big red letter day”. Automaticamente coloco na faixa nove, “Late at night”. Há anos atrás existia um seriado de TV americano chamado “Minha vida de cão” que retratava a vida, as alegrias e conflitos “existências” de uma adolescente vivida pela Claire Daines (incluindo-se paixões não correspondidas). O ano era 1995/1996, e eu, à época, pela primeira vez me identifiquei imediatamente com um personagem "adolescente". A Angela era apaixonada pelo Jordan Catalano, vivido pelo Jared Leto, aquele cara com cabelo descolorido que apanha muito do Edward Norton no “Clube da Luta”. Ele era lindo, o cara meio rebelde do colégio, meio distante, auto-suficiente, tipo cool. Ela tanto fez que acabou conseguindo ficar com ele, mas só isso, sem ele nunca assumir nada entre eles. Não aguentando mais a situação, ela decide não ficar mais com o sujeito, a despeito da paixão que sente. Ah, esse último e difícil resquício de auto-estima se impondo... Aí, no último episódio do primeiro e único ano da série, no meio do corredor da escola eles se encontram, ao som dessa música do Buffalo Tom, e ele pede pra falar com a personagem, pegando na mão dela na frente de todos os estudantes que estão ali, dando a entender que ele vai assumir o que sente. Pode parecer meio piegas, mas esse fim mostrava que ainda havia esperança para todas nós que um dia sonhamos com aquele carinha que nunca nos deu bola e que um dia ele perceberia o quanto gosta da gente. Por muitos anos eu tentei encontrar essa música, dificuldades agravadas por eu nem saber seu nome e por não possuir internet à época. Até que, mais de 3 anos depois, o colega de faculdade por quem eu era cegamente apaixonada, e que não ficava comigo na frente de outros (conhece esse filme?), me traz de presente esse CD da Europa. Vejam, é uma história universal e atemporal, paixões não correspondidas SEMPRE acontecem. Pena que meu último episódio teve um fim diferente: ele disse que havia pensado bem nas viagens de trem pela Alemanha (juro que foi assim) e não estava apaixonado por mim, nem ia ficar mais comigo, tudo isso ao som da MINHA MÚSICA! Da música que me dizia sempre que o Jordan ia aparecer e dizer que gostava de mim... Seguiu-se a mais dolorosa dor de cotovelo que eu já havia tido até aquele momento. Escutava a música sem parar, mas só ela no CD. Minha melhor amiga na época um dia me disse: tu não acha que está na hora de escutar as outras músicas do CD? Traduzindo: bola pra frente, troca o disco, vive a vida! Eu tentei, mas as outras músicas não tinham graça, não lembravam ele. Eu continuei ouvindo Late at night tarde da noite sozinha no meu apê. Bem, aquele sofrimento só foi superado pelo sofrimento de saber que ele e minha melhor amiga estavam juntos. Aí eu decidi não escutar mais o CD. Claro, ele foi tocado em algumas faxinas que eu fiz na casa, até que hoje eu acabei caindo nessa música de novo, o que me fez lembrar de toda essa história, de que hoje tenho minha própria vida de cão, com todas suas alegrias e angústias e considerações superficiais. Ah se eu tivesse um blog naquela época... Hoje quem faz a trilha sonora romântica são os CD´s do Coldplay que meu amor me deu. Engraçado essa coisa de trilha sonora, a gente tem trilha pra cada fase, pessoa, momento da nossa vida, e é bom escutá-las de vez em quando. Mas acho que vou escutar também o resto do CD.

12:22 da manhã [ por nicole ]




quarta-feira, outubro 08, 2003



Celular com fio

Sabe aquele meu celular? Aquele que era do meu pai, que caiu na privada? Aquele mesmo. Pois é, feliz da vida com meu celular "novo", descobri que ele era especial. Não bastasse ter caído na privada, descobri que ele era o primeiro celular com fio da história! Meu pai fez a gentileza de dar tantos "tóchicos" pra minha bateria que ela estava totalmente viciada. Viciadérrima. Tão viciada que meu celular não aguentava dois minutos de conversação sem acabar a bateria. Dois minutos! Mesmo depois de carregar uma noite inteira.
Então, se eu quisesse manter uma conversa tranquila com qualquer pessoa, tinha que manter sempre meu celular carregando, fazendo com que ele se tornasse o primeiro celular com fio da história. Se eu estivesse na rua, longe de qualquer tomada, tinha apenas o tempo de atender ao telefone e dizer: meu nome é Éneas, aí puf! Acabava a bateria. Eis que adquiro um bateria nova e penso que meus problemas estão resolvidos. Não é que meu celular, que até então funcionava apenas conectado à tomada, resolve dar uma de Gasparzinho? Sim, porque agora ele tem bateria, mas o display do aparelho, aquela janelinha onde a gente vê quem está ligando, as horas, o sinal, etc. não mostra nada. Eu ligo ele o aos poucos tudo o que está no display começa a ficar fraco, bem fraquinho, até desaparecer e eu não conseguir ver mais nada... Celular fantasma, conhece? Até funciona, mas tu não pode ver quem está te ligando. Beleza. Qual será o próximp "pobrema" que a tecnologia vai me arrumar?

10:32 da tarde [ por nicole ]





Negrinho

Depois de sair de casa com um calor que ultrapassa os 30°, suar às bicas, ir pra faculdade debaixo de chuva, assistir a três horas de discussões filosóficas sem tirar a bunda da cadeira, voltar pra casa debaixo de mais chuva, chegar encharcada feito pinto nolhado, ver que não tem nada pra comer além de pão, nada pode dar mais prazer do que ver aquela tigela de negrinho na geladeira... Cura qualquer mau humor e vestígios de um dia ruim. Santo remédio. Sou viciada nesse troço. Fico mal se passo muito tempo sem comer. Negrinho deveria ser considerado gênero medicinal, apenas não recomendado para diabéticos e pessoas com problemas de obesidade. Vai ser bom assim lá nos infernos!!! Agora que recebi minha dose semanal do meu vício (ainda é semanal, não é diária), posso dormir calminha, calminha, ai, ai...

10:29 da tarde [ por nicole ]




sexta-feira, outubro 03, 2003



Formatura

Amanhã minha turma se forma em Direito pela minha amada Universidade Federal do rio Grande do Sul. Estou ansiosa e emocionada como se fosse a minha formatura. Já está tudo pronto, já está estirado na cama esperando ser vestido meu vestido rosa pink super “muderno” (dizem que é a cor da estação, e vai ficar mais rosa ainda em contraste com minha pele de branca--norueguesa). Sapatos novos brilhando, como não podia deixar de ser para um viciada nesse acessório. Presentes comprados, cabelereiro e maquiador a postos esperando o sinal verde para começar a metamorfose no meu rostinho. Não sou muita adepta do estilo “super maquiada”, mas já que é uma ocasião muito especial, resolvi abrir uma exceção e dar uma caprichada no visual. A emoção vai ser grande, pois meus grandes amigos estarão se formando amanhã. Estou feliz por eles, e até mesmo um pouco aliviada por ficar na condição de estudante por mais um semestre. O lema escolhido é uma frase do Platão: Não há justiça sem homens justos. Tenho fé nessa turma, tenho fé que existem ali pessoas que vão honrar o Direito. Acredito que somos instrumentos que podem ajudar a melhorar o mundo, e não apenas um bando de advogados ambiciosos e funcionários públicos corruptos. Aí galera, tenha confiança que vocês fará um bom uso do Direito.

2:52 da tarde [ por nicole ]




quinta-feira, outubro 02, 2003



E se...

Acabo de encontrar algumas ex-colegas de um grande escritório em que estagiei por um bom tempo, até o ano passado. Aquela velha história: oi, tudo bem? Como tu tá? O que tu tá fazendo? Blá blá blá. Novamente, voltei a lembrar como era trabalhar em tal escritório. No começo da faculdade, era o tipo de estágio que eu sempre quis: grande escritório, várias áreas, o que te dava a chance de mudar de área e ganhar muita experiência. Clientes com dinheiro, o que proporcionava a contratação de ótimos profissionais que poderiam te ensinar muito. Vários outros estagiários, o que te proporcionava chance de fazer amigos novos e trabalhar num ambiente com pessoas nas mesmas condições que tu. A chance de atuar de verdade num processo, escrever, pesquisar, argumentar, e não ser apenas um office boy de luxo que vai ao forum. Além disso tudo, havia sempre a chance de tu conseguir fazer um bom trabalho e conseguir a sonhada efetivação, entrando para aquele seleto grupo dos advogados de grandes firmas de advocacia, com todo o status curricular e social que isso proporciona no meio jurídico. Mas havia outras questões, como a exploração do trabalho do estagiário, que acumulava responsabilidades e prazo de advogados sem ganhar quase nada por isso, a pressão por resultados e quantidade, como ocorre em qualquer empresa, a obrigação de acatar decisões que são impostas, não discutidas, e muitas vezes vão contra teus valores. O trabalho constante que acaba te tirando horas de aula, estudo e descanso. Sem contar, para os mais estressados como eu, a convivência diária com toda aquela pressão, com a angústia de ter que tomar decisões importantes a cada minuto, enquanto que teu chefe está muito ocupado pra te atender. Eu não consegui mais viver com essa pressão, e até hoje eu não sei bem até que ponto essa pressão era só minha ou real. Até que ponto eu deveria ter agüentado. Eu decidi sair porque desde que havia entrado ali ficava pensando: ok, estou aqui, mas agora que estou dentro, é isso que eu quero pra minha vida? É esse o preço? Cansei de ter essa dúvida. Apesar disso, a decisão de sair me deixa até hoje com um gosto amargo na boca, com aquela sensação de “e se...” E se eu tivesse ficado? E se eu tivesse agüentado? Será que eu estaria com um emprego garantido daqui a seis meses, quando meus piores pesadelos virão me atormentar: formada e sem trabalho. Ver minhas ex-colegas gera vários sentimentos. Um deles é que definitivamente somos diferentes, como a maioria de pessoas que atuam nesses escritórios: elas sempre tiveram mais dinheiro que eu, freqüentaram os melhores colégios, clubes, cursos, festas, conhecem o mundo todo em viagens, possuem um padrão de vida que eu nem posso sonhar. Não que eu me sinta menor, mas acho que minha trajetória foi bem mais difícil e ainda falta muito para eu poder realizar coisas que para elas já são rotina. Elas sempre trabalharam no escritório, entraram lá não só por seus méritos, o que elas têm, mas por conhecer quem já estava lá dentro. Os advogados, quase sempre, são todos amigos e vivem no mesmo meio. Acabaram se formando e ficando por lá, nunca se angustiaram com a perspectiva de não ter onde trabalhar e não ter dinheiro para pagar seu próprio aluguel. São mulheres na minha idade, e nessa altura da vida, já conquistaram uma carreira e uma estabilidade profissional que me faz sentir pra trás. Nesse ponto eu me sinto muito menor, e penso que talvez eu deveria ter continuado a trabalhar lá para pensar que minha vida de estudante e profissional estava se encaminhando para algum lugar. Quando penso nisso, sinto que fiquei pra trás, que sou menor e que fui acomodada ao invés de lutar contra minhas angústias. Por mais que adore o lugar onde trabalho, meus chefes, posso ter oito horas de sono, posso faltar quando eu quiser para estudar, eu não tenho pra onde ir depois de formada. Eu não sei o que fazer... é muito diferente tu te tornar advogada num lugar em que tu já trabalha há algum tempo, já conhece toda a rotina, os casos e a matéria com que tu vai trabalhar. É bem diferente do que sair por aí, com um currículo na mão, podendo cair numa área em que tu não tem a mínima experiência e correr o risco de parecer uma profissional inábil. Se formar já é um desafio, mas trabalhar em algo que tu já tem experiência te dá muito mais confiança. E hoje, vendo essas mulheres, eu não pude deixar de pensar no “e se...” Eu não sei se me arrependo, não é isso. Acho que minhas angústias nunca me deixariam em paz, se eu estivesse lá, continuaria pensando se era essa vida que eu queria pra mim, 12, 14 horas trabalhando por dia (sem exageros). Agora que não estou, penso o que eu vou fazer quando ganhar o canudo... I don´t wanna grow up.

2:09 da tarde [ por nicole ]




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